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Abstract
O artigo trata da "agricultura familiar" em áreas de fronteira tendo como referência o
estado de Rondônia.
O processo de ocupação de Rondônia, marcado pela pecuária e pelo desmatamento
acelerado, se insere no padrão convencional de ocupação da fronteira agrícola e, ao mesmo
tempo, vem sendo atravessado por “diferenças” pontuais afins com aquele contexto
particular.Por um lado, políticas públicas de integração e modernização reproduzem as formas
convencionais de ocupação e utilização das áreas de fronteira no Brasil -produção
especializada, e em escala; uso de tecnologia intensiva em capital e poupadora de mão de
obra; e acesso ao mercado mundial de carnes e grãos-. Por outro, políticas públicas
localizadas e legitimadas pelo qualitativo de sustentável valorizam práticas sociais
características do modo de produzir da agricultura familiar em áreas de fronteira -agricultura
diversificada integrada a pecuária leiteira; baixo uso de insumos químicos e maquinário
agrícola; uso predominante da mão de obra familiar; produção de alimentos para o autoconsumo
e integração parcial ao mercado formal- 1.
A análise dos dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) e da Pesquisa Agrícola
Municipal (PAM) do IBGE2 nos permite propor uma caracterização da pecuária em Rondônia
- pecuária familiar, pecuária empresarial e pecuária de fronteira – para pontuar
“similaridades” e “diferenças” no processo de ocupação das terras da região. Mostramos que
enquanto a “pecuária familiar” responde melhor aos parâmetros de sustentabilidade, a
“pecuária empresarial” e a “pecuária de fronteira” atendem aos objetivos de “modernização” e
integração dessas áreas ao mercado mundial Finalmente sugerimos a importância de atentar para “diferenças3” localizadas
enquanto possíveis mudanças na sociedade e nos modos como esta produz a natureza, tendo
em vista as principais questões sociais e ambientais que limitam a reprodução das economias
modernas na atualidade.