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Abstract
O Brasil possui 4,8 milhões de estabelecimentos agrícolas dos quais 80% têm
menos de 100 hectares. Estes produtores, se não forem incentivados a permanecerem no
campo com uma remuneração digna com seu trabalho, deixarão seus estabelecimentos.
Neste trabalho foi enfatizado o problema de sobrevivência no longo prazo de produtores
leite. Foram analisados estabelecimentos nos estados de Rondônia, Tocantins e Rio de
Janeiro. O que se pode notar é um significativo grupo que se mantém por longos anos
produzindo pouco, sendo que possui capacidade para aumentar a produção. As
restrições que impedem este grupo de se especializar, estão ligadas à uma série de
imperfeições inerentes ao mercado e, que acabam fazendo dos produtores,
principalmente os pequenos, vítimas deste sistema. A hipótese é que os produtores
amostrados encontram-se na faixa de economias de escala da curva de custo médio de
longo prazo. O objetivo principal do trabalho é verificar a existência economias de
escala entre os produtores de leite dos estados de Rondônia, Tocantins e Rio de Janeiro.
Para isso foram estimadas cinco funções custo com diferentes níveis de restrições. A
função que apresentou melhor aderência aos dados foi a de custo translog. Os fatores de produção considerados são capital, terra, trabalho e os dispêndios diretos. A análise
econômica mostra a dificuldade de sobrevivência dos estabelecimentos no longo prazo.
Isto ocorre porque a relação capital imobilizado/produção é muito alta. Entre os estados,
nenhum deles conseguiu taxa de retorno maior que 6%, mesmo quando o custo da terra
era excluído do cálculo. O estado do Rio de Janeiro foi o que apresentou maiores taxas
de retorno. Quando as amostras dos estados foram estratificadas, a situação é
amenizada. Observa-se que o estrato com mais de 200 litros por dia apresenta taxas de
retorno maiores que 6%, sendo assim mais atrativas aos produtores. Isto ocorre em
função deste grupo utilizar maior grau de tecnologia e, consequentemente, maior
produção. Portanto, faz melhor uso do capital imobilizado na atividade e reduz o custo
médio deste capital no custo total. Os resultados da regressão mostram que a grande
maioria dos produtores da amostra está na faixa de economias de escala. Apenas 3,4%
do total da amostra está na faixa de deseconomias de escala. O ponto de custo médio
mínimo foi obtido na faixa de 178 mil litros por ano, ou seja, média diária de 487 litros
por dia. Outro grupo composto por 10% da amostra está mais próximo do ponto de
custo médio mínimo e apresenta produção diária entre 183 e 487 litros por dia. E
finalmente, o último grupo que aparece em situação mais dramática com menos de 180
litros/dia. Estes podem reduzir de forma significativa os custos se aumentarem a
produção, pois estão na faixa mais acentuada da curva de custo médio de longo prazo e
podem crescer bastante na atividade usufruindo das economias de escala.