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Abstract
O presente artigo discute a evolução da distribuição da renda e pobreza das famílias
rurais de Minas Gerais diante da nova conformação do espaço rural a partir da década de
oitenta, onde observa-se a interseção cada vez menor entre o meio rural e o setor agrícola.
Isso ocorre, segundo Graziano da Silva, com a modernização da agricultura, onde as
atividades do setor não mais demandam dedicação exclusiva, propiciando o processo de
“mercantilização do tempo livre”, que atua modificando o perfil ocupacional destas famílias e
por conseguinte a renda das mesmas. Neste contexto, a pesquisa, ao descrever a nova
conformação do espaço rural mineiro, em termos de ocupação e renda, pretende contribuir
com a implementação de políticas públicas que contemplem as especificidades regionais
concernentes ao novo rural. A base de dados utilizada é a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), nas quais foram realizadas adaptações metodológicas para que haja
comparabilidade entre os anos que a pesquisa abarca. Isto posto, realizou-se a decomposição
das famílias segundo o ramo de atividade (agrícola, pluriativa e não-agrícola) e condição na
ocupação (empregadora, conta-própria, assalariado) constituindo-se nove grupos de análise.
Para analisar a distribuição de renda utilizou-se duas medidas: relação da renda média dos
10% mais ricos e dos 40% mais pobres e o índice de Gini. Quanto a análise da pobreza,
utilizou-se a família dos índices parametrizados FGT. Os resultados obtidos demonstram que
as atividades não-agrícolas apresentam-se como uma alternativa efetiva de ocupação para as
famílias rurais. Outrossim, as famílias que mesclaram atividades agrícolas e não-agrícolas
foram responsáveis pelos melhores rendimentos médios, concedendo à pluriatividade lugar de
destaque neste novo rural. Contudo, as “novas” atividades ainda não foram capazes de
diminuir o quadro negativo da concentração de renda. Quanto a pobreza, observou-se queda,
principalmente para as famílias de empregados.