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Abstract
Nesse trabalho analisam-se os vínculos existentes entre duas importantes noções
recentemente incorporadas à agenda de investigação sócio-política brasileira, quais sejam a
multifuncionalidade e a pluriatividade. A primeira delas designa, no entender dos autores,
uma formação discursiva nos termos propostos por Foucault e outros autores, a qual
emerge, em pleno século XXI, no contexto das transformações atinentes a uma sociedade
regida pelo chamado pós-produtivismo. A pluriatividade, por seu turno, exprime um tipo
de exploração plenamente identificada com o discurso da multifuncionalidade, no qual dáse
a combinação de atividades remuneradas agrícolas e não-agrícolas por parte de seus
membros. A multifuncionalidade tem a ver com o reconhecimento de que a agricultura é
capaz de produzir externalidades positivas para a sociedade, assumindo, como o nome
indica, inúmeros papéis (preservação do patrimônio cultural e paisagístico, conservação
dos recursos naturais, etc.), mais além da produção agropecuária de per si. Destarte, no
intervalo compreendido entre as décadas de 1950 a 1970, apogeu da modernização agrária,
a exploração pluriativa, chamada então de part time farming, era considerada como entrave
ao desenvolvimento agrário, sendo condenada, entre outros fatores, por oferecer uma
concorrência desleal com estabelecimentos que viviam exclusivamente das atividades
agropecuárias.