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Abstract
Sob a influência da expansão do capitalismo na agricultura, na década de 1970, foram
implementadas no Agreste de Pernambuco ações que resultaram no processo de expansão do
efetivo bovino, e conseqüentemente, no crescimento das áreas cultivadas com pastagens e
redução das lavouras destinadas à produção de alimentos básicos. O processo foi viabilizado
por investimentos governamentais, favorecendo a média e a grande propriedade e
promovendo a concentração fundiária. O trabalho tem por objetivo identificar como as
políticas agrícolas repercutiram na pecuária praticada por pequenos produtores, sobretudo a
partir dos anos 1980. Foram consultadas publicações do CONDEPE, do IBGE, associadas à
leitura de diversos autores e artigos científicos ligados à questão da modernização e da
globalização e também sobre a pecuária praticada entre os produtores familiares. Foi
elaborado um questionário que foi aplicado na microrregião do Médio Capibaribe, com
produtores familiares, líderes e dirigentes sindicais, nos municípios de Bom Jardim e João
Alfredo. Realizaram-se também entrevistas informais com técnicos da Sociedade Nordestina
dos Criadores. O estudo procura mostrar que a produção familiar agrestina, além de enfrentar
as estiagens periódicas, encontra-se marginalizada pela não utilização de técnicas modernas
na pecuária e desprovida de acesso aos recursos produtivos e do apoio governamental. No
período assistiu-se ao esvaziamento dos serviços direcionados à pequena produção,
particularmente a assistência técnica. As condições oferecidas pelo Estado a estes pequenos
criadores evoluíram mais na direção de transferências financeiras do que propriamente no
apoio à atividade agropecuária.