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Abstract
A pobreza, segundo o Banco Mundial, afeta quase a metade dos 6 bilhões de
habitantes do planeta. Apesar de apresentar uma realidade distinta daquela de vários países
africanos ou asiáticos, o Brasil também convive com indicadores de pobreza elevados. Estes
indicadores, por sua vez, são fundamentados em uma abordagem monetária, onde a renda é o
principal critério para classificação dos indivíduos como pobres ou não-pobres. Todavia,
mesmo utilizando uma metodologia de mensuração já consolidada no meio acadêmico (e
político), uma pergunta parece persistir: o que é, de fato, ser pobre? O que propomos neste
artigo é traçar um comparativo entre a abordagem tradicional (monetária) e uma abordagem
multidimensional, a Abordagem das Capacitações, de Amartya Sen, para discutir esta
pergunta contextualizada no ambiente rural. Enquanto a abordagem tradicional aponta como
pobre o indivíduo que não tem renda, a Abordagem das Capacitações leva em consideração os
aspectos qualitativos da vida das pessoas, aquilo que as pessoas são capazes de ser e fazer
(funcionamentos). Os resultados mostram diferenças consideráveis entre as duas abordagens.
Um delas diz respeito à importância da renda na avaliação do bem-estar (que é bastante
diversa nas duas abordagens) e a outra está relacionada com a importância das estruturas
multidimensionais avaliadas pela Abordagem das Capacitações.