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Abstract

A migração campo-cidade ainda é reconhecida por muitos como o resultado inequívoco da deterioração social e ambiental no meio rural decorrentes da reordenação latifundiária ou, no Nordeste brasileiro, do advento das Secas. Sem alternativas, as famílias são obrigadas a migrar. Os cientistas sociais não raro aludem ao fenômeno do “êxodo rural” para caracterizar a perene e volumosa transferência do homem do interior para a cidade grande. Contudo, uma investigação mais acurada levanta contestações à esta hipótese como explicação para a urbanização acelerada do país no século XX. Embora menos romântico que a primeira explicativa, as famílias decidem migrar para melhorar de vida. Enxergam a cidade como alternativa para escapar da pobreza atávica de seu meio. Não se trata de um expulsionismo determinista, mas um atrativismo possibilista o que prepondera a médio e longo prazo. Neste sentido, procura-se enfocar a questão durante a segunda metade do século XX, aplicada a Pernambuco, tomando-o como emblemático para outros estados brasileiros, inclusive para a migração inter-regional. Como será demonstrado, muito embora a imagem do retirante da seca ainda se constitua a típica representação do homem migrante nordestino - ao encontro do imaginário urbano-burguês – são a roda do trem, o chão da fábrica, o emprego doméstico, as luzes da cidade, as economias de aglomeração urbana, os determinantes principais da mudança de contingentes populacionais tão grandes.

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