Files
Abstract
O presente trabalho analisa a chegada do sistema de consórcios de produtores rurais
na citricultura paulista. A questão principal é a de verificar se tais consórcios representam
redes de cooperação que resultam no aumento dos recursos de poder dos atores excluídos. A
contribuição deste trabalho foi o de avançar nos estudos desenvolvidos sobre a nova dinâmica
da rede de poder citrícola paulista, a qual vem passando por profundas mudanças sociais e
econômicas e que propiciou um processo árduo de exclusão social entre as categorias de
pequenos produtores de laranja e assalariados rurais, e nessa direção, é analisada a alternativa
no âmbito do sistema de consórcios de produtores para que este possa se contrapor ao
processo de exclusão e, ao mesmo tempo, possa enfrentar o aviltamento das condições de
trabalho dos assalariados rurais, o que tem ocorrido através da chamada flexibilização dos
direitos trabalhistas.
Embora as organizações dos consórcios, objeto específico desse estudo, não autorizem
uma generalização e tampouco possam sugerir que as formas de poder referidas sejam únicas,
é oportuno examiná-las como redes de poder. No desenvolvimento da pesquisa foram
encontrados contrapontos na atuação dos consórcios, que se expressam em duas formas
possíveis: modelos ideais de consórcios, os quais abarcam o conjunto de recursos (jurídicos;
organizacionais; tecnológicos; econômicos; sociais e simbólicos) de forma intensa, próxima
do “ideal”; e práticas espúrias, que não se cristalizam em elementos com suporte, pois se
consolidam em alternativas efetivas de inclusão social, porém apresentam um conjunto de
recursos ínfimos de poder. Na investigação empírica foram selecionados dois consórcios
diferenciados, os quais abarcam todas as diferenciações de atuações existentes, além disso,
também foram delineados os seus respectivos conjunto de recursos de poder.