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Abstract
No Brasil, há uma evidente preocupação em relação ao crescente sub-investimento
público em pesquisa agroindustrial. Tal tendência, decorrente da crise financeira da década
de 80, tem obrigado as organizações públicas de pesquisa a reavaliar freqüentemente suas
estratégias de financiamento. O objetivo deste trabalho exploratório foi analisar as
percepções de empresas agroindustriais sobre a transferência de tecnologia como estratégia
de financiamento de pesquisa. Foi realizado um levantamento de dados e informações por
meio de um questionário enviado às 61 empresas que se beneficiaram de tecnologias e
serviços gerados pela Embrapa Agroindústria de Alimentos nos dois anos anteriores ao
início deste trabalho. O questionário abordou aspectos como porte das empresas, percepção
da imagem da Embrapa Agroindústria de Alimentos, aquisição de conhecimentos
tecnológicos, financiamento participativo de pesquisa agroalimentar, cooperação
interorganizacional, direitos de propriedade intelectual e barreiras à transferência de tecnologia. Pelos resultados, observou-se que todas as empresas (100%)
estavam prontas a procurar recursos para adquirir e colocar em prática tecnologias
consideradas eficientes pela Embrapa Agroindústria de Alimentos; entretanto, apenas 53%
das empresas estavam dispostas a participar do financiamento de atividades de pesquisa.
Menos de um terço das empresas declarou que desejava cooperar com seus concorrentes
para financiar uma atividade voltada ao desenvolvimento ou à aquisição de novos
conhecimentos tecnológicos. A grande maioria dos informantes (87%) acreditou que a
tecnologia gerada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos deve ser pública e portanto
disponível a todas as empresas agroindustriais. Também observou-se que as principais
barreiras à transferência de tecnologia como a falta de capital disponível, a falta de
comunicação interorganizacional e a regulação jurídico-sanitária afetam amplamente o
desempenho das empresas. As opiniões a respeito da transferência de tecnologia apontam a
necessidade de modificações nas estratégias e nos procedimentos atualmente empregados.
Nesse sentido, é importante modelar e implementar novos canais e mecanismos criativos
de transferência de tecnologia, procurando sobretudo melhorar as relações entre as
entidades governamentais, organizações de pesquisa e empresas agroindustriais
envolvidas.